A PANDEMIA DO COVID-19 NAS COMUNIDADES INDÍGENAS DE RORAIMA. Por : Juliana Cruz Mandulão
- PET - ACS

- 29 de jun. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 8 de jul. de 2020
No dia 21 de março de 2020, foram confirmados, oficialmente, em Roraima, os dois primeiros casos de Covid 19. A partir dessa data, os casos têm aumentado consideravelmente, totalizando 8.374 casos até 20 de junho. Medidas como o Decreto nº 28.587-E, de 16 de março de 2020, do Estado de Roraima, foram publicadas, com a finalidade de promover um afastamento social e, consequentemente, a redução nos números de casos. Seguindo essa mesma linha de pensamento, as comunidades indígenas também buscaram se proteger, e muitas optaram por cerrar o acesso, permitindo apenas a entrada de moradores. Porém, se por um lado isso pode funcionar, por outro lado causa uma celeuma, pois, uma vez que nossas comunidades não são mais autossustentáveis, muitos moradores precisam sair da comunidade para comprar itens alimentícios e até mesmo trabalhar, o que acarreta por expor toda a população à contaminação do vírus.
A economia de nossas comunidades baseia-se em parte no cultivo de roças, fazendo com que algumas pessoas se desloquem todos os dias para a capital Boa Vista a fim de trabalhar; existem também aquelas que moram em outros lugares e trabalham nas comunidades. Hoje em dia, eles não têm como manter-se isolados, pelo fato de haver um grande fluxo de pessoas com necessidade de comprar mercadorias que não são produzidas no local (leite, café, arroz, feijão, biscoito etc). Desse modo, mesmo como fechamento do acesso das comunidades, o vírus SARS- CoV 2, já infectou alguns indígenas
A circulação do vírus em nossas comunidades aumentou o perigo para os moradores, pois a vida social no local é muito coletiva, não havendo um isolamento dentro da comunidade, em face de visitas dos “parentes”, da família, alguém atrás de algo. A falsa segurança de liberar o acesso das comunidades apenas às pessoas conhecidas é perigosa, posto que não se sabe por onde as pessoas andam e com quem se relacionam, podendo se contaminar e levar para outras pessoas. Moradores militares, que saíam da comunidade para trabalhar em Boa Vista, logo regressavam ao local e assim levaram o vírus e contaminaram seus parentes.
Problemas de saúde como a hipertensão, diabetes, malária, dengue e outros que pioram a situação da saúde indígena continuam a persistir, pois não há estrutura para tratamento de doenças que estão presentes há anos no local. Oficialmente, Roraima tem 3 óbitos de indígenas por Covid 19, porém, sabemos que esses números podem serem bem maiores, visto que não há testagem nas comunidades e apenas casos graves são removidos para a capital, vindo a morrer parentes sem diagnóstico certo da causa da morte.
Portanto, o que se deve fazer diante de um problema de saúde como este é preparar nossas comunidades com informações, desde contágio a isolamento social e prevenção, pois fechar as portas da comunidade apenas mascarou o problema. Logo, manter o isolamento social e as prevenções e precauções em relação à doença é a melhor forma proteção contra o Covid 19.



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